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quinta-feira, 24 de abril de 2014

a flor


eu foco na beleza escondida
nos pequenos porões
do mundo
pois dele, já estive muito aflita
eu foco na flor
de delicadeza duvidosa
hoje sei que existem potenciais
se escondendo por aí
em mesquinhas decepções
amorosas.
Potênciaaaal!
um dia gritaram para eu enxergar
então, eu cuidei do meu 
e agora, dos outros eu olho
eu os trago pro centro
para brilhar.
eu os amo e deixo
para que eles possam se encontrar
à seu tempo
como eu, em meu tempo
ignorei o azar.
me mostrei aos poucos
o ser que aqui, agora está
e torcendo pra que a flor
um dia, uma vez
também queira se encontrar.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Luz baixa, embriaguez.

Nas flores ali estampadas, ela se jogou, nos braços dele se derramou e nunca mais quis sair, se lambuzou com o mel daqueles olhos vivos, se perdeu no enrolar daqueles caxos... aqueles caxos. Cegou-se ao sentir o toque daquelas mãos claras e pegajosas, pensou em um momento fugir, mas já não podia, havia se viciado no gosto pesado, no rosto, no aroma suave a na textura das cicatrizes, mal sabia ela quantas mais viriam, se demorando ali... No gosto de café da boca alheia.
Então, ficou, foi se deixando, se arriscando, acumulando. Sentindo. E assim foi vivendo isto num tempo que pareceu mais uma vida isolada dentro da sua. Ela pulou! Se jogou no que parecia flores, mas a luz era um tanto baixa, deixando tudo mais aconchegante, escondendo a parede fria, não dava pra enxergar com tanta certeza a estampa da colcha. Depois já não importava, se eram mais galhos do que flores, ela não sabia mais diferenciar, se sabia, fez questão de esquecer. Pois, ao se jogar naquela cama, se esqueceu do resto que lhe dizia respeito. Embalou os olhos, se empinou, se encolheu, foi pegada, desejada, lavada com saliva ácida. Arranhou, cravou, gemeu e escorregou. Comeu, abriu, gritou, calou, parou de respirar...
Enfim, gozou e morreu encostada no gelo da parede.

domingo, 20 de abril de 2014

autodiálogo maneiro

- Está difícil de voltar pro lugar? Olhe novamente. Vai ver... foi pro lugar que lhe cabe melhor agora. A mente muda de forma. Nem toda fase é fase, algumas mudanças são definitivas. Vai ver... reviveu! Se martirize não, menina! Tenha paciência pra não fazer besteira (aí porra, hoje eu tô maneira)!
Certo que a vida é um remelexo infinito, com nossos apegos, depois desapego, estrimilique, depois sossego. Mas ela é assim, esta bem? A vida. O que seria de nós sem o nó de nós mesmos? Acontece que nesses rodopios fluorecentes, vamos mudando de lugar e é normal se deparar de repente com alguém bem diferente do que se foi à um ano ou à cinco minutos atrás. Mas é bom, não dá pra ser constante por aqui. Acho que nem por alí. Não me soaria saudável...

- Sim, já sei, agora cala a boca e dorme, parece que fumou.

- É o sono, mas estou consciente do que estou falando.

- Sim, já sei.

- Rebelde sem causa.

- Sim, já sei.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Bloqueio

aí vem aqueles dias de inspiração que só!
tem até que correr antes que chegue a crise criativa
e deixa tudo meio, assim, velado.
pinta, borda, prende, solta
e depois de acabado...
ai! parece que não tem mais vida, dá um vazio
por isso, eu digo
não há arte que se afunda
por isso, eu ouvi por aí
antes arte do que nunca.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Assumir tua parte na doença do mundo.

É só parar e reparar, o planeta pede calma, pras doenças da alma. A natureza está aflita, nós mesmo somos isto, estamos o tempo todo arrepiados pra lá e pra cá em busca de sabe lá o que...
Ora, queridos, são tantas coisas que parecem ser desnecessárias, mas quem prova que realmente é? Antes da ordem vem a desordem, e me desculpem, em nossas condições terrestres, acredito que isso tem sido mais que necessário. Dá revolta, dá! É uma merda em cima da outra que acontece pra nos afligir mais ainda. Tem que protestar, tem! Mas no meio disso tudo, vem a confusão, do que eles fazem, com o que devemos e com o que queremos fazer. Não adianta reclamar, fazer algo superficialmente e não olhar pra dentro do problema, que muitas vezes está em nosso interior. Nada se estabelece por fora se antes não for tratado por dentro. Muitas vezes pensei que era urgência, mas agora sinto que tudo aqui precisa de paciência. Lutemos, mas tenhamos paciência com aqueles que ainda demoram à enxergar o estrago que fazem, e antes de gritarmos para eles, gritemos pra dentro de nós. Além de campanhas com cartazes e protestos públicos, eu me pergunto e pergunto à todos, como tu cuida de si? O que tu és para si antes de ser para os próximos? Ninguém vai curar a doença do mundo, estando nele sem nem saber como cuidar de tuas próprias enfermidades.