Nas flores ali estampadas, ela se jogou, nos braços dele se derramou e nunca mais quis sair, se lambuzou com o mel daqueles olhos vivos, se perdeu no enrolar daqueles caxos... aqueles caxos. Cegou-se ao sentir o toque daquelas mãos claras e pegajosas, pensou em um momento fugir, mas já não podia, havia se viciado no gosto pesado, no rosto, no aroma suave a na textura das cicatrizes, mal sabia ela quantas mais viriam, se demorando ali... No gosto de café da boca alheia.
Então, ficou, foi se deixando, se arriscando, acumulando. Sentindo. E assim foi vivendo isto num tempo que pareceu mais uma vida isolada dentro da sua. Ela pulou! Se jogou no que parecia flores, mas a luz era um tanto baixa, deixando tudo mais aconchegante, escondendo a parede fria, não dava pra enxergar com tanta certeza a estampa da colcha. Depois já não importava, se eram mais galhos do que flores, ela não sabia mais diferenciar, se sabia, fez questão de esquecer. Pois, ao se jogar naquela cama, se esqueceu do resto que lhe dizia respeito. Embalou os olhos, se empinou, se encolheu, foi pegada, desejada, lavada com saliva ácida. Arranhou, cravou, gemeu e escorregou. Comeu, abriu, gritou, calou, parou de respirar...
Enfim, gozou e morreu encostada no gelo da parede.